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Artigo - TI nos próximos anos

Cézar Taurion (IBM) – 18/11/2013

 

Estamos chegando ao final do ano e, como de costume, começam a chover artigos com previsões para os próximos anos. Bem, não vou ficar de fora, mas em vez de falar de tecnologias em si vou abordar o papel da TI nos próximos anos.

A convergência das quatro ondas tecnológicas (cloud, social media, Big data e mobile) são rupturas que, aliadas à Internet das Coisas, estão criando uma revolução digital que afetarão os processos e modelos de negócio, chegando à destruição e à criação de novos setores de indústria. Estas mudanças, portanto, ultrapassam em muito os setores de TI, afetando as empresas e seus negócios como um todo. Ter uma estratégia digital não é mais opção, mas uma necessidade. E esta estratégia não é de TI, mas do próprio negócio. 

É um cenário extremamente desafiador para o setor que comumente chamamos de TI e que em muitas empresas é um setor isolado, de cunho operacional ligado a executivos de finanças ou de operação. Sim, talvez faça sentido, por algum tempo ainda, continuar assim em muitas empresas, mas com certeza esta visão simplista do potencial de TI poderá afetar a própria sobrevivência empresarial. TI não deve mais buscar um simples alinhamento com o negócio, mas o negócio em si está se transformando em TI. Todos os setores de indústria já estão ou serão afetados pelos movimentos tectônicos causados pela convergência das quatro ondas tecnológicas. E a lógica é simples: quanto mais cedo se preparar melhor.

Bem e o que é ter uma estratégia digital? É criar um road map para se tornar uma empresa digital, que são negócios criados em torno de bens e ativos digitais, envolvendo engajamentos digitais com clientes e parceiros. Como exemplos práticos temos as indústrias de musica e livros. No inicio da década passada a indústria de musica foi soterrada pela Internet. No Brasil, em 13 anos, a receita do setor caiu de 1,3 bilhões de dólares para 257 milhões. Depois de lutar inutilmente contra a inevitável digitalização, a indústria acordou e viu que deveria, para sobreviver, se transformar em um negócio digital. Novos modelos de negócio (e novas fontes de receitas) surgiram baseados em novas tecnologias como streaming, onde o usuário ouve a música sem ter que comprar o arquivo. Assim, em vez de vender produtos físicos, CDs, a indústria passou a vender assinaturas que permitem ao usuário ouvir sua musicas por um pequeno um custo mensal.

TI tradicionalmente, em muitas empresas, tem se mantido como um setor à parte, preocupado com automação dos processos do dia a dia, sem ousar inovar. Pelo próprio posicionamento dentro da organização vem há décadas assumindo papéis operacionais.  Mas com estas rupturas atingindo as empresas, o impacto das mudanças não só afetará a TI como a conhecemos hoje, mas o negócio como um todo. Se a estrutura da empresa e da própria indústria onde ela se insere está mudando, é inevitável que TI deva mudar significativamente, para acompanhar e, preferencialmente, liderar esta transformação.

Portanto, para falar em tendência de TI sugiro começar pelo repensar  do próprio papel de TI, que deve sair de uma era onde ela ficava meio a parte, tentando buscar alinhamento com o negócio para uma era onde o negócio passa a ser a TI.  Também sair do paradigma onde TI controlava as tecnologias que entravam na empresa, para a de coordenação (ou “trusted advisor”) de tecnologias que entram na companhia por todas as janelas possíveis.

As mudanças passam pelo novo reposicionamento organizacional, pelo uso de novas tecnologias, novas capacitações, novos processos e conceitos (DevOps, consumerização, Big data, etc) e, principalmente por um novo mindset. A convergência das quatro ondas tecnológicas será o catalisador e a TI de hoje não será mesma de amanhã. Afinal “IT is dead, long live to IT”. Creio que em 2014 veremos mais e mais empresas e CIOs se conscientizando que o tempo para as mudanças é o agora!

 

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